Missão gaúcha pressiona União por recursos
22/11/2007
Governadora Yeda Crusius se encontra com ministro hoje. Sem condições de honrar o 13º salário do funcionalismo gaúcho, o Estado armou um mutirão para pressionar o governo federal a liberar recursos.Senadores, deputados federais e estaduais, além de entidades de classe, querem entregar um documento ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cobrando o ressarcimento de créditos antigos. A ação está em sintonia com as negociações que o Palácio Piratini já vem mantendo com o Ministério da Fazenda. Hoje, a governadora Yeda Crusius se reúne, em Brasília, com o ministro Guido Mantega. A expectativa é de que ele anuncie medidas emergenciais de socorro ao Estado.
- Com o presidente, a questão é mais ampla, referente a um encontro de contas - comenta o senador Paulo Paim (PT), responsável pela articulação junto ao Planalto.
Por trás desse apelo ao presidente, no entanto, está o temor de que a Fazenda continue adiando uma solução para as dívidas da União com o Estado. O Piratini briga pelo repasse de verbas relativas à devolução dos investimentos em estradas federais. A reivindicação era defendida pelo atual secretário do Tesouro, Arno Augustin, quando ele era o titular da Fazenda no governo Olívio Dutra (1999-2002). Agora, Augustin é o responsável pelo desenho de uma solução a esse impasse. Há duas semanas, o secretário da Fazenda, Aod Cunha, encaminhou o pedido ao ministro, argumentando que essa é uma das poucas saídas para o Estado conseguir pagar o 13º. Na ocasião, Mantega pediu prazo para estudar uma saída jurídica. Ontem, o ministro não quis adiantar o que prepara para os gaúchos, mas disse que pretende socorrer o Estado:
- O governo federal reconhece as dificuldades fiscais do Rio Grande do Sul. Temos procurado ajudar como podemos, dentro da lei e dos instrumentos que temos. Vamos fazer uma reunião para tentar encontrar soluções - afirmou o ministro.
Líder do PMDB pediu apoio de ministro a pleitos gaúchos
Mergulhado na guerra pela prorrogação da CPMF, Mantega nem mesmo queria que a reunião com a governadora ocorresse hoje. O ministro havia marcado o encontro para a próxima segunda-feira, às 17h. Foi preciso que a bancada gaúcha entrasse em cena para conciliar as agendas. Depois de falar com a governadora, Paim telefonou para Augustin pedindo para que a reunião fosse agendada para esta semana. Mantega acabou cedendo. Afinal, a articulação política do governo tem interesse que o encontro de hoje com a governadora seja um sucesso.Empenhado em aprovar a prorrogação da CPMF no Senado, o líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), chegou a ligar ontem para Mantega pedindo uma atenção especial ao Estado. Nesse caso, a estratégia é agradar a governadores e senadores para assegurar a aprovação do imposto do cheque.
- Falei com o ministro e a tendência é de um esforço para ajudar o Rio Grande do Sul - disse Raupp.
Deputados ligados à base do governo, porém, não acreditam que o encontro de hoje seja conclusivo. Coordenador da bancada gaúcha na Câmara, Mendes Ribeiro (PMDB) avisa que a reunião ainda faz parte de uma política de aproximação.
- Precisamos ter cuidado com as expectativas e conhecer os limites. Ainda estamos tateando - disse.
Para garantir peso político ao encontro, os senadores Paim, Sérgio Zambiasi (PTB) e Pedro Simon (PMDB) estarão ao lado da governadora e do secretário da Fazenda. Mendes Ribeiro e o presidente da Assembléia, Frederico Antunes (PP), também reforçam o grupo. Desde ontem em Brasília, Antunes é um dos responsáveis pela elaboração do texto que será apresentado ao presidente Lula, independentemente das conclusões do encontro com Mantega.
Zero Hora - Porto Alegre/RS
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