JC: Brasil pirata, não!
15/09/2004
Embora nossa economia esteja num momento favorável e a perspectiva para o setor varejista é de retomada do crescimento nos próximos meses, algumas questões ainda tiram o sono do empresariado: a legislação trabalhista, antiga e ultrapassada, que precisa ser readequada para desonerar o empresariado e gerar novos empregos, e a pirataria, reflexo negativo da democratização tecnológica, aliada à alta tributação.
A combinação desastrosa desses fatores, além de prejudicar artistas, autores, cientistas, por causa da sonegação de milhões em direitos autorais, inviabiliza a competição de empresas que investem em pesquisa, empregam milhares de funcionários, pagam corretamente seus encargos e cumprem todas as exigências fiscais e legais. Quando um cidadão adquire um produto adulterado ou clonado por um preço menor, ele está sustentando uma indústria criminosa que no final das contas, abocanha o seu próprio dinheiro.
Uma pesquisa da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro revela que 60% dos consumidores cariocas (sendo 66% da classe C) admitem adquirir produtos piratas. Para 56,7% dos entrevistados, o preço é apontado como fator decisivo na escolha, mesmo quando sabem da má qualidade dessas mercadorias. Quem se diz consciente a ponto de não comprar relógios, CDs e DVDs adulterados, faz vistas grossas à pirataria digital. Ainda é comum observar a utilização de softwares falsos em empresas, resultando num prejuízo mundial de US$ 29 bilhões de dólares.
Para que haja um combate sério contra esse mal é necessário prevalecer o reconhecimento de que a sociedade como um todo é culpada pelo problema, em maior ou menor grau. O próximo passo é exigir fiscalização efetiva, a criação de novos órgãos normativos, aumento de penas, mudanças na legislação, redução de alíquotas de impostos para baixar os preços dos produtos originais e a ação policial eficiente. Como se vê, não são pleiteadas metas impossíveis, mas tarefas árduas, que demandam urgência e pulso firme para serem seguidas à risca.
Nabil Sahyoun
Presidente da Associação Brasileira
dos Lojistas de Shopping/Alshop
Fonte: Jornal do Comércio
Data: 15/09/04
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