Símbolo da queda-de-braço
11/03/2009
Ficou claro na sessão de ontem que a oposição não tinha os 28 votos
para derrubar o veto da governadora Yeda Crusius ao projeto que anistia
os servidores que fizeram greve no ano passado. O cochilo da base do
governo, porém, adiou para hoje a decisão, prolongando o desgaste do
governo com os professores.
Se o deputado Adolfo Brito (PP) não
tivesse chegado atrasado à sessão, o veto teria sido mantido ontem, mas
a responsabilidade é coletiva: outros aliados do governo poderiam ter
dado a presença que faltou. Afinal, Mano Changes (PP), Nelson Härter
(PMDB), Álvaro Boessio (PMDB) e Cassiá Carpes (PTB) também fazem parte
da base, mas são contra o veto. Mesmo com a pressão feita pelo governo
nos últimos dias, Härter manteve a palavra empenhada com os professores
– e não se escondeu. Estava na Assembleia, mas não deu quórum para
apreciar o veto e fez questão de reafirmar que votará contra o governo:
–
Os servidores ganham pouco e trabalham em condições desfavoráveis. Não
vou votar pelo corte do ponto. A negociação dos dias parados faz parte
da tradição do Rio Grande do Sul.
Mesmo sem conseguir derrubar o
veto, a oposição aproveitou para discursar e cobrar coerência dos
deputados que votaram pela anistia e mudaram de ideia. Para manter a
opinião de Yeda na sessão de hoje, o governo terá de garantir as 28
presenças em plenário e, ao mesmo tempo, impedir que a oposição coopte
em suas fileiras os votos que até ontem estavam faltando.
O
esforço despendido pelo Piratini para manter o veto faz parecer que os
efeitos práticos da medida serão imensos para o governo. Não são, até
por que sempre resta a opção de recorrer ao Judiciário para manter o
corte do ponto. O problema é o símbolo: uma derrota exporia a
fragilidade da base aliada em um ano de votações polêmicas e deixaria o
governo mais vulnerável para lidar com as greves que se avizinham.
(Fonte: Rosane de Oliveira - Zero Hora)
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