Yeda ganha disputa pelo corte do ponto
13/03/2009
Veto da governadora ao pagamento de grevistas foi confirmado na terceira tentativa de votação
Não
faltaram deputados, mas sobraram bate-boca e xingamentos na tarde de
ontem. Após quatro horas de uma tumultuada sessão na Assembleia
Legislativa, o Palácio Piratini conseguiu confirmar a decisão da
governadora Yeda Crusius de cortar o ponto de servidores que fizeram
greve em novembro passado. O Executivo saiu fortalecido para enfrentar
futuras paralisações do funcionalismo.
Às 18h50min, o painel da
Assembleia divulgou a decisão dos deputados: 27 votos favoráveis à
resolução de Yeda e 21 contrários. O resultado foi frustrante para a
oposição, que calculava alcançar 24 votos.
– O governo ganhou
com ampla maioria, e as coisas foram colocadas nos seus devidos lugares
– afirmou o líder do Executivo na Casa, Pedro Westphalen (PP).
A
vitória do Piratini ocorreu no terceiro dia de embate. Na terça e na
quarta-feira, a oposição impediu a votação se aproveitando de cochilos
dos governistas. Nos dois dias, houve retirada de quórum, o que impede
votações. No início da tarde de ontem, porém, a conquista do governo já
era dada como certa. Apesar de os adversários não registrarem presença,
29 deputados sinalizaram que estavam em plenário – um acima do mínimo
necessário para votações.
Assessores
da Casa Civil portavam listas com fotos, nomes de aliados e telefones
de seus chefes de gabinete. A operação foi montada para impedir uma
nova tentativa de retirada de quórum em caso de distração da base. A
oposição precisava somar 28 votos para derrubar o veto ao abono de
faltas de servidores que fizeram greve e que tiveram desconto nos
salários. Desde outubro, um decreto de Yeda permite o corte do ponto de
quem falta ao trabalho. Em dezembro, porém, a oposição e parte da base
conseguiram aprovar o abono das greves de novembro. Para o governo, era
importante impedir a brecha no decreto. Para o Cpers, era uma
possibilidade de medir forças contra a reforma no plano de carreira.
Por
isso, as galerias estavam lotadas. De um lado, defensores do veto
organizados pela Juventude do PSDB. Do outro, os sindicalistas. Durante
a tarde, os dois grupos fizeram um enfrentamento. Os sindicalistas
chamavam os adversários de CCs (cargos em comissão). O outro lado
exibia fotos da governadora e frases como “sim ao veto”. Na tribuna, o
líder da bancada do PT, Elvino Bohn Gass, desafiou a base:
– Ninguém defende o veto. Os deputados não estão convencidos. São apenas carrascos da vingança de Yeda.
O
líder da bancada do PTB, Iradir Pietroski, leu uma entrevista em que o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva classifica as greves remuneradas
como férias, o que aumentou a polêmica. Mas foi o discurso do líder da
bancada do PPS, Paulo Odone, que incendiou o debate: disse que na
Assembleia não havia mensalão, numa referência à recente visita do
deputado cassado José Dirceu (PT) ao Estado. Das galerias, partiram
novos xingamentos, e os seguranças foram acionados para conter
sindicalistas irritados. Com a confusão, a sessão teve de ser
interrompida.
(Fonte: Zero Hora)
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