Demonstração de força
13/03/2009
Tanto empenho do Palácio Piratini pela manutenção do veto da
governadora Yeda Crusius ao projeto que anistiava os servidores
públicos que fizeram greve a partir de outubro de 2008 tem explicações
eminentemente políticas. O dinheiro que o governo deixou de pagar aos
grevistas pode fazer falta no bolso de cada um, mas é irrelevante para
as contas do Estado. O que pesou foi a disposição de reforçar as
barreiras contra futuras greves.
Mesmo que o projeto se
referisse especificamente ao abono de faltas de novembro, a derrota do
governo abriria margem para que a cada greve a Assembleia aprovasse
projeto anistiando quem não compareceu ao trabalho. Com a manutenção do
veto, fica sacramentado que em futuras paralisações o corte do ponto
será automático. Além de perder o salário dos dias parados, o servidor
público tem outro prejuízo material: a interrupção da contagem do tempo
para concessão de licença-prêmio.
Yeda comprou a briga amparada
em duas convicções: de que a baixa adesão à greve representava o
enfraquecimento do Cpers e de que a sociedade apoia o corte do ponto de
servidores públicos quando paralisam as atividades, como ocorre na
iniciativa privada.
A vitória, comemorada duplamente no Piratini
– pelo resultado em si e por deixar claro qual é o tamanho da oposição
–, também tem custo político elevado para o governo: a oposição vai
ficar ainda mais dura e o clima de guerra com os sindicatos de
servidores costuma afetar a qualidade dos serviços prestados à
população.
(Fonte: Rosane de Oliveira - Zero Hora)
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